quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

O último de 2015

Nestes últimos dias muita água correu debaixo da ponte, analisarei neste artigo o caso Banif, o Orçamento retificativo para 2016, a saída de Paulo Portas da liderança do CDS-PP e ainda o desenvolvimento da campanha Presidencial.
Começo pelo caso do Banif, mais um banco que vai ao fundo. Desde há muito que sabemos que banco atravessava uma situação complicada, já tinha sido capitalizado e nos últimos tempos atravessava particularmente um tempo difícil. Ficámos a saber que o banco teria uma resolução que passava pela venda ao Santander Totta, mas ao contrário do que aconteceu no caso BES, aqui os custos recaem sobre todos os contribuintes. É certo que no BES, tendo a caixa geral de depósitos feito parte da resolução, e a haver perdas, haverá para o Estado, mas a questão é diferente, porque no Banif havendo perdas ou não, lá teremos de pagar. E a pergunta que se faz é muito simples: há uns meses foi possível tomar uma decisão que salvaguardou os contribuintes, porquê agora tomar uma completamente diferente? Os portugueses mereciam uma resposta.
A banca funciona muito bem até tudo correr bem, mas quando corre mal, corre mal para todos nós. Há algo que tem de mudar neste paradigma, os contribuintes não são salvadores, os contribuintes estão fartos de pagar o prejuízo de privados, o BES foi o único que ao que parece, ainda não recaiu grande conta para todos nós. O Banco de Portugal deveria esclarecer os portugueses, porque algo neste caso do Banif não está bem explicado, a começa pela pergunta: porque não uma resolução como BES?
E ainda de salientar que é uma injustiça e uma demagogia enorme o atual governo culpar o outro por ter arrastado este caso. É um total disparate, porque como todos sabemos a entidade reguladora não é o governo, mas sim o Banco de Portugal. E é de uma enorme insensatez o atual executivo vir dizer que fez mais em 3 semanas neste caso, que o anterior governo em 4 anos, porque tanto nos 4 anos do anterior governo, como nas 3 semanas deste novo, quem regula estas matérias é sempre o Banco de Portugal e não os governos. É preciso alguma humildade e verdade.
E este caso já fez com que a dita “geringonça” desse sinal de fragilidade. O governo do PS suportado pelos partidos de esquerda, afinal não é bem suportado por eles… No Orçamento retificativo, votaram contra, deixando em aberto e que poderia acontecer, valeu ao PS o PSD que se absteve na votação. Ora um governo que se dizia estável, de esquerda, que faria políticas diferentes, que duraria uma legislatura, ao primeiro teste falha logo. António Costa que dizia que não queria a direita, precisou da direita justamente para aguentar o seu governo, uma situação constrangedora certamente o líder do governo.
Ora esta “geringonça” já se percebeu que aguentará à custa da direita portuguesa, os partidos à esquerda que diziam que o suportavam, afinal não suportam nada. Cavaco Silva pedia a estabilidade, a aprovação dos Orçamentos de Estado a António Costa, o Orçamento até foi aprovado, a questão é que não foi pelos seus parceiros, mas justamente pela sua oposição. Mais episódios destes acontecerão e certamente que este governo sai muito fragilizado se continuar a acontecer o que aconteceu.
E justamente porque Paulo Portas terá recebido que este governo se calhar até durará mais tempo que se previa, tomou a decisão de sair da liderança do CDS. Na minha opinião tomou a decisão correta, é preciso dar uma frescura ao CDS, mostrar que tem uma linha própria, renovada, que é um partido que está em mudança. Nada como mudar de liderança para que o eleitorado perceba que o CDS já não está coligado com o PSD e que tem uma linha e agenda própria. Portugal perdeu o líder há mais tempo em funções partidárias, e perdeu certamente um bom politico, e o lápis da verdade não poderia deixar de dar uma nota de apreço e de bem-haja ao Dr Paulo Portas por estes anos de liderança no seu partido.
Por último mas não menos importante, as eleições presidenciais. Os candidatos começam a aparecer finalmente na opinião pública e na comunicação social. As campanhas de cada um avançam à sua maneira, e já se começa a perceber o que cada candidato defende e quer para Portugal. As últimas sondagens apontam o mesmo que as anteriores, Marcelo ganha e Maria de Belém em segundo lugar. Marcelo é o candidato que todos conhecem pela sua grande exposição mediática, mas nos últimos dias pecou quando disse que seria Presidente daqui umas semanas. Há que ter humildade na política, e há que respeitar o voto do povo, porque só dia 24 de Janeiro saberemos quem será Presidente da República, não há candidatos vencedores anunciados, há democracia e voto.
Maria de Belém tem feito uma campanha muito de proximidade, tem percorrido alguns pontos do país visitando instituições de cariz social, tecendo criticas a Marcelo Rebelo de Sousa, que alias já disse ser o seu principal adversário, e tem feito a campanha muito virada para as pessoas e para um determinado setor da sociedade. Estes dois candidatos pelo que recebemos da opinião e da comunicação social são os favoritos à vitória. Ainda que tenhamos Sampaio da Nóvoa, mas devo dizer que o candidato é uma desilusão, não diz nada de importante, passa a vida a repetir que é independente, o que não é, porque tem grandes tendências à esquerda e não as esconde, aliás já disse ser um “aliado do governo”, mas não diz nada que seja importante para a resolução dos problemas nacionais. Acho que tem de repensar o seu discurso. Dia 24 de Janeiro ficaremos a saber quem passou a mensagem e quem os portugueses querem no Palácio de Belém.
Nós próximos dias começaremos a assistir aos debates entre candidatos e passaremos a ter ainda mais informação, com o aproximar da data das eleições, teremos ainda os desenvolvimentos do caso Banif, que afirmo novamente que é necessário esclarecimentos aos portugueses, e teremos com certeza mais episódios deste governo de esquerda.

O lápis da verdade não poderia deixar de desejar a todos os leitores um próspero ano do 2016, e que a vida de cada um seja pelo menos mais feliz e com mais alegria, a todos em meu nome pessoal e em nome do blog, um feliz ano novo. 

sábado, 12 de dezembro de 2015

Presidênciais 2016, quem vencerá?

A pouco mais de um mês das eleições presidências, finalmente começa a falar-se delas, como tal é altura de fazer uma análise rápida sobre o eleitorado de cada candidato e as suas hipóteses de chegar à Presidência da República.
Vejamos o candidato da área da direita portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, aquele que é apontado como o favorito nesta corrida presidencial. Marcelo aparece como um candidato que não quer o apoio dos partidos da direita, apesar de esses mesmos terem expressado o seu apoio ao professor de direito. O eleitorado deste candidato é muito claro: a direita portuguesa, e até alguma parte do centro politico.
Na área do centro-esquerda português temos a candidata Maria de Belém Roseira, ex ministra e ex-presidente do Partido Socialista. Apresenta-se a estas eleições como ela própria disse “para disputar a vitória” e afirma que o seu principal opositor “é Marcelo Rebelo de Sousa”. O eleitorado desta candidata é claramente o eleitorado do Partido Socialista e o eleitorado que Marcelo não consegue “roubar” ao centro do espectro político. Mas quando falamos neste eleitorado de Maria e Belém, surge aqui outro candidato (Sampaio da Nóvoa), que teimam em dizer que é do mesmo eleitorado de Maria de Belém, o que não corresponde à verdade.
Sampaio da Nóvoa é um independente, uma pessoa que nunca se identificou com partidos políticos (aparentemente), mas que recebe o apoio do MRPP e do LIVRE, e é claramente uma pessoa muito mais à esquerda do PS, portanto a afirmação que Maria de Belém e Sampaio da Nóvoa disputam o mesmo eleitorado é falsa. Apesar do candidato ter apoios do Partido Socialista, claramente não é do Partido Socialista, logo não poderia disputar os votos de uma verdadeira socialista.
Estes dois candidatos, surgem nas intenções de voto muito próximo, mas a candidata Maria de Belém surge com alguma vantagem, o que é natural, as pessoas conhecem Maria de Belém, não conhecem Sampaio da Nóvoa porque nunca apareceu na vida politica. Ambos os candidatos têm trocado algumas acusações e uma de Maria de Belém sobre o candidato do MRPP é claramente essa: “alguém que nunca se interessou pela vida pública e política de Portugal, vem agora reclamar o cargo mais alto da Nação.”.
Estes 3 são aqueles que são favoritos à vitória na corrida ao Palácio de Belém. Quem tem mais hipóteses claramente é Marcelo Rebelo de Sousa, muito por culpa da sua exposição mediática durante anos na televisão portuguesa. Mas em democracia nada é garantido, e as sondagens assim o dizem, algumas mostram que o candidato ganha à primeira volta, outras mostram que não, e nesse caso quase todas indicam que teria de disputar essa segunda eleições com Maria de Belém. Se houver segunda volta temos dois cenários: Maria de Belém com Marcelo, ou Sampaio da Nóvoa com Marcelo.
Vejamos o caso de ocorrer Sampaio da Nóvoa contra Marcelo na segunda volta, seria uma vitória clara do candidato de direita, por uma razão muito simples: as pessoas votam em alguém quem conhecem, do que em alguém que não conhecem, Sampaio da Nóvoa ao lado de Marcelo, ninguém o conhece, nem sabe o que ele pretende.
No caso de ocorrer Maria de Belém contra Marcelo Rebelo de Sousa, o resultado já será mais difícil e pouco garantido a qualquer  um dos candidatos. Maria de Belém é conhecida de todos os portugueses pelos seus anos de vida pública, assim como Marcelo, e há um eleitorado de direita que não vota Marcelo na primeira volta, votará em branco, caso isto ocorra à segunda volta esses votos brancos transformam-se em votos na candidata presidencial. Assim como Maria de Belém tem a vantagem de piscar o olho ao eleitorado feminino e roubar muito eleitorado católico ao candidato Marcelo Rebelo de Sousa. Assim como o eleitorado de direita estaria ao lado de Marcelo e o eleitorado de esquerda ao lado de Maria de Belém. Nesta hipótese, estará tudo em aberto.

Dia 24 de Janeiro iremos a votos para decidir qual o tipo de personalidade que queremos ter como Presidente da República, umas eleições importantes até pelo próprio momento politico atual, visto que é necessária estabilidade e serenidade. Daqui a poucas semanas, teremos um novo Presidente, ou nova Presidente, o povo assim o ditará, ficou aqui a análise dos 3 principais candidatos, veremos se o futuro ato eleitoral não nos surpreenderá. 


segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

O resultado (in)esperado

E o primeiro teste partidário em França após os atentados ocorridos em Paris, aconteceu ontem, na primeira volta das eleições regionais. Os resultados são surpreendentes, a Frente Nacional de Marine Le Pen ganha 6 das 13 regiões, a extrema-direita ganha assim este primeiro teste.
O discurso deste partido assenta que nem uma luva no pensamento que paira na cabeça dos franceses após os atentados, o discurso quase que ficou aprovado pelo facto de tal barbaridade ter ocorrido. Ganha assim esta primeira volta das eleições regionais, deixando para segundo lugar Les Republicains de Nicolas Sarkozy, e deixa ainda mais fragilizada a posição de François Hollande visto que o seu partido, o PS Francês fica-se pelo terceiro lugar. Já ouvi no dia de hoje que o povo francês tinha feito uma má escolha, que não pensou, que não refletiu, que era quase ilegítimo este partido ter ganho. O que eu digo é que este resultado, resulta do voto do povo francês, resulta da vontade popular, resulta da intenção de voto da maioria dos franceses. Todos os resultados eleitorais são legítimos quando são provocados por eleições livres, em que cada um tem a consciência política de decidir o que acha melhor. Gostarmos ou não gostarmos, isso é já outra questão, mas que é uma escolha democrática, isso é, e só temos de respeitar.
É certo que estas eleições podem ser um presságio para as próximas eleições presidenciais, é certo que se tal resultado se replicar na votação para Presidente da Republica, França mudará e consequentemente mudará a Europa. Teremos a segunda volta destas eleições regionais no próximo dia 13, domingo, soubemos hoje que os candidatos do PS francês desistiram a favor dos candidatos Republicanos de Nicolas Sarkozy, como seria vantajoso que em Portugal a direita e a esquerda também se conseguisse entender nalguma coisa. Uma grande lição de sentido de Estado, uma decisão de saudar.

A Europa está em mudança, está em transformação do ponto de vista das forças políticas que emergem em cada país que a constitui, costuma dizer-se  que “muda-se os tempos, muda-se as vontades”, as vontades parece que mudaram, e teremos de respeitar essas vontades, como gostaríamos que respeitássemos as nossas próprias.


terça-feira, 24 de novembro de 2015

XXI Governo Contitucional

O lápis da verdade dá hoje a conhecer os novos nomes do futuro governo do Partido Socialista com o apoio parlamentar do PCP, BE e PEV. Eis aqui a composição do governo:


XXI Governo Constitucional: 


Primeiro-ministro - António Costa

Ministro das Finanças - Mário Centeno

Ministro Adjunto - Eduardo Cabrita

Ministro dos Negócios Estrangeiros - Augusto Santos Silva

Ministra da Presidência e da Modernização Administrativa - Mª Manuel Leitão Marques

Ministra da Justiça - Francisca Van Dunem

Ministra da Administração Interna - Constança Urbano de Sousa

Ministro da Defesa - Azeredo Lopes

Ministro do Planeamento e Infraestruturas - Pedro Marques

Ministro da Economia - Manuel Caldeira Cabral

Ministro da Trabalho, Solidariedade e Segurança Social - José António Vieira da Silva

Ministro da Saúde - Adalberto Campos Fernandes

Ministro da Educação - Tiago Brandão Rodrigues

Ministro da Ciência Tecnologia e Ensino Superior - Manuel Heitor

Ministro do Ambiente - João Pedro Matos Fernandes

Ministro da Agricultura - Capoulas Santos

Ministra do Mar - Ana Paula Vitorino

Ministro da Cultura - João Soares





sábado, 14 de novembro de 2015

Pray for Paris e não só...


O Lápis da Verdade condena os ataques praticados ontem em Paris, mas como aqueles que acontecem em todo o mundo. O blog transmite o seu pesar ao povo francês, associando-se à sua dor tão grande. A liberdade, a igualdade e a fraternidade devem prevalecer sobre todas as coisas, a Europa está unida em manter estes valores e a tentar construí-los todos os dias. Lembremos num sentimento profundo as vitimas de Paris, mas nunca esquecendo aquelas que sofrem todos os dias e ninguém se lembra delas. Para Paris, para o seu povo, as mais sinceras condolências. Ao resto do mundo que passa horrores também, um abraço profundo e o desejo de paz. 



quinta-feira, 12 de novembro de 2015

"Acordo incómodo" por Rui Oliveira

Há acordos e acordos. Os que depressa se desvanecem e os que ficarão gravados nas pedras da história, como algo marcante para o desenrolar das atribuições políticas de uma nação. O que se passou em Portugal, foi esta segunda premissa. O acordo assinado á esquerda, permite inferir desde logo uma consonância única entre partidos que nunca  se entenderam em matérias governativas, pois viviam divididos por um muro de betão político  , que dificilmente alguém pensaria em ousar derrubar. O PS , ousou: fez bem. Goradas as tentativas de um entendimento á direita, a esquerda posicionou-se como o garante da constituição, prometendo salvaguarda dos direitos, liberdades e garantias, que durante quatro anos foram continuamente postas em causa pela coligação PAF.
Quando as negociações começaram, logo a direita encheu-se de tiques nervosos, pela via do insulto e bota abaixismo; lançou o discurso do medo fazendo crer com isso, que a sociedade portuguesa só tinha um caminho para escolher. Nada mais errado. Tal como em tudo na vida, existem sempre vários caminhos; existem sempre alternativas e até tomar uma decisão tem de se aferir das várias possibilidades e negocia-las com quem está disposto a isso. A direita, só tinha uma alternativa: e foi logo a que o PS não queria mais. Nem sequer se esforçaram, por mostrar um outro caminho ; o que a coligação queria e desejava, era manter-se no poder a todo o custo, para prosseguir com a sua cartilha ideológica de destruição do tecido empresarial e o continuo agravamento das condições de vida das pessoas.
O PS , depressa se deu conta de que se optasse por esse caminho, segundo a tradição  que muitas vezes foi invocada pela direita, caminharia a passos largos para a "morte" política, a chamada pasokizacao . Ao invés, preferiu dialogar com as outras forças políticas, na tentativa de chegar a um acordo que pusesse um travão ao acelerador da austeridade e que afinasse a máquina de investimento oleando  a referida, com medidas impulsionadoras para recuperar a saúde da dita máquina nacional ,então bastante deteriorada.
Depois de várias semanas de intensivas negociações, celebrou-se um acordo histórico; para alguns tornou-se um acordo incómodo. Incómodo não porque é inédito e vem quebrar com as regras do que para a direita era normal, mas incómodo porque estes mesmos "democratas" têm receio que o mesmo funcione e assim ponha em causa e a descoberto, todas as mentiras levadas a cabo durante quatro penosos anos de uma austeridade cega e totalitária. O acordo vai entrar para os anais da democracia portuguesa; quanto aos que se sentem incomodados, só posso dizer: temos pena, meus caros. É a democracia a funcionar.

Rui oliveira 

Trabalhador do setor turístico no Porto.
Militante do Partido Socialista ; 
Membro da Comissão política Concelhia do PS Porto;
 Membro do PSE. 
Escreve regularmente no blog : a voz da girafa.
Recentemente entrou para a JCI( Junior Chamber International) a maior organização mundial de líderes e empreendedores. 
É voluntário no GAS Porto. 
Antigo militante da Juventude Socialista.
Participa regularmente em conferências e programas de opinião pública como é o caso da SIC notícias
Membro da comissão de apoio distrital (Porto) da candidatura de Sampaio da Nóvoa







segunda-feira, 9 de novembro de 2015

A queda com vista a um assalto

Hoje discute-se o programa de governo na Assembleia de República, já com a anunciada rejeição ao executivo por parte da frente de esquerda. O PS, PCP, BE e o apêndice PEV, acordaram uma linha conjunta para governar o país nos próximos 4 anos com maioria parlamentar.
Antes de possíveis cenários temos de avaliar tudo o que já se passou. O PSD e CDS-PP têm a legitimidade política para governar o país, têm total legitimidade para governar, visto que o povo lhe deu essa legitimidade. Quem ganha, governa, sempre foi assim na nossa democracia. Como tal, Passos Coelho foi indigitado Primeiro Ministro, pelo Senhor Presidente da República, e apresenta hoje o seu programa de governo no parlamento. A questão é que parece que quem perdeu não aceita que perdeu.
O PS ainda não percebeu que perdeu as eleições, não tem legitimidade para governar o país, não tem a legitimidade política necessária para tal, e se governar, o povo não perdoará o PS nas próximas eleições. Dizem que os acordos pós eleitorais sempre aconteceram e são legítimos, são sim senhor, mas se bem me lembro os acordos pós eleitorais sempre foram liderados por quem ganhou as eleições, aqui temos um acordo em que todos perderam as eleições.
Este acordo e o derrube deste governo é em si uma irresponsabilidade política enorme, e um desrespeito total pela vontade dos portugueses. Estes 3 partidos não têm nada a ver uns com os outros, estes 3 partidos, têm intenções diferente, nenhum deles tem nada a perder, a não ser o PS que reduzirá substancialmente o seu eleitorado.
Todos os partidos deveriam assumir as suas responsabilidades, os que perderam deveriam assumir a sua oposição responsável ao governo, propondo alternativas sim, assaltos ao poder, não. Aos que ganharam, assumir a liderança dos destinos do país, construindo pontes de diálogo com os restantes partidos. Isto é o decurso normal que têm acontecido na nossa democracia.
Hoje sabemos que não ocorrerá assim, a esquerda derrubará o governo amanha para governar o país, caso o Presidente da República a indigite. Uma irresponsabilidade, visto que temos um Orçamento de Estado para aprovar, a instabilidade criada será enorme, e ao que parece o acordo nem é conjunto, são 3 acordos distinto, com certeza um governo estável… Este acordo visa em si, satisfazer a sede de poder, a continuação das lideranças depois das derrotas, o que digo é Portugal primeiro que os interesses dos partidos! 
O programa deste governo passa à história amanha, mas já conhecemos medidas do próximo, o da dita frente de esquerda, a expressão que vem à cabeça é: irresponsabilidade económica. Um programa que descrevo com uma analogia: quando temos 5 euros, não podemos gastar 5 euros e meio, temos de gastar 4 para guardar para amanha o que sobra pois pode fazer falta. Portugal tem 4 euros, este programa quer gastar 6. Aguardo muito apreensivamente o que Bruxelas dirá disto tudo.
Hoje, vivemos um momento histórico é certo, se é bom ou mau, quero acreditar que seja bom, porque acima de tudo Portugal e os portugueses. O que temos hoje é também, algo inédito e que nunca aconteceu na história da democracia, mas de outro ponto de vista também é histórico: os perdedores quererem governar! Quem ganha governa, digo novamente! O PS teve governos minoritários, mas ganhou, governou, agora parece ter-se esquecido dessa máxima, podemos dar como exemplo o governo do PS de 2009.

Portugal assiste a algo que nunca se esperaria ver: quem ganha a ser derrubado, os que perdem a ganhar o poder. Parece quase as forças de bloqueio de à uns anos atrás. Quero acreditar que isto tudo será vantajoso para Portugal, quero sinceramente que tudo corra pelo melhor, seja com a esquerda, seja com a direita, porque para mim o mais importante é Portugal, não são os partidos! Que Portugal saia vencedor disto tudo é o que espero, ainda assim, não posso deixar de ver as coisas como elas são, e não posso demitir-me de emitir a minha opinião, porque se bem me lembro ainda vivo em democracia. Termino com uma frase dita hoje no Parlamento da Nação: "Nunca vi alguém que não tivesse vergonha de governar perdendo eleições". Que cada um assuma as suas responsabilidades, pelos atos de hoje, e pelo dia de amanha! 


segunda-feira, 2 de novembro de 2015

"Cavaco e a democracia de barro" por Sandra Cunha

Depois de dois mandatos a clamar por responsabilidade e estabilidade política eis que Cavaco Silva fez exatamente o contrário do que instiga os outros a fazerem.

A solução governativa de estabilidade política para o país que lhe foi apresentada pela maioria parlamentar de esquerda não o satisfez nem o demoveu de impor a solução que mais convém aos seus interesses.

Se é certo que o Presidente da República tinha toda a legitimidade, aliás Constitucional, em indigitar Pedro Passos Coelho para Primeiro-Ministro, não é menos certo que o discurso crispado que associou à sua decisão lançou o país numa instabilidade política desnecessária.

Mais do que isso, as suas palavras revelaram o enorme desrespeito pela opinião de todas e todos os que votaram à esquerda da coligação - a maioria, note-se. Se dúvidas houvessem, ficou confirmado que para o senhor Presidente da República, a democracia não é mais do que um pedaço de barro a ser moldado consoante as suas conveniências e preferências.

Ao Presidente da República não cabe contestar as escolhas do povo português nem tão pouco tecer considerações sobre os programas políticos dos partidos que se apresentaram a eleições. Etiquetar os partidos de esquerda de anti-europeístas, decidir que não servem ao futuro do país e sobrepor a sua opinião às de quem jurou representar, revela apenas o desespero de quem lhe sente fugir por entre os dedos o poder de controlar as escolhas democráticas e legítimas do povo.

Neste momento, a incerteza está instalada e os portugueses e portuguesas têm o seu futuro, mais uma vez, em suspenso. A falta de indicação, por parte do Presidente da República, sobre o que fará após a rejeição do programa do governo, que lhe foi aliás confirmada pelos diversos partidos de esquerda, vem demonstrar a mais desesperada tentativa de chantagem e de limitação da liberdade democrática de escolha. A mensagem que tenta passar aos portugueses e portuguesas que no dia 4 de outubro rejeitaram o empobrecimento forçado, o desmantelamento do Estado Social, a venda do  país a retalho, a perda de rendimentos do trabalho e das pensões e que optaram por uma política alternativa, é a de que as suas escolhas de nada valem. Mais uma vez, a chantagem é a de que “não há alternativa”.

Estaremos cá para ver se Cavaco Silva se comportará como o Presidente de todas e todos os portugueses como tantas vezes gosta de salientar e se permitirá aos deputados e deputadas da  Assembleia da República viabilizar uma solução governativa alternativa ou se continuará  a assumir o papel de menino birrento que não aceita perder e que se lança ao chão esperneando e gritando: “Eu quero! Eu quero!”

Cá estaremos para lhe responder.

Sandra Cunha

Deputada do Bloco de Esquerda na Assembleia da República, eleita pelo círculo eleitoral de Setúbal






sexta-feira, 30 de outubro de 2015

"A dança de Cadeiras" por David Serrachino

     Na seleção de dirigentes da Administração Pública existem dois critérios, segundo Madureira e Ferraz, que são compostos pela confiança e fidelidade para com as políticas do Governo, e o mérito de desempenho, imparcialidade e neutralidade de gestão.
     Em comparação entre estes critérios e aquilo que realmente se passa vai uma enorme distância. Começando pelas nomeações “fora de horas” levadas a cabo antes das Eleições Legislativas de 2015, em que, o Ministério da Segurança Social e o Ministério da defesa se encontraram numa completa “dança de cadeiras”, por outras palavras, trocar pessoal de um cargo para outro de caráter permanente a fim de sustentar a fidelidade e amizades políticas.
      No primeiro critério, utilizado por Madureira e Ferraz, estou de acordo na medida em que, uma pessoa para desempenhar funções em altos cargos dos Ministérios ou do Governo, tem de ser minimamente cooperante com as políticas seguidas, mas nunca pode ser critério de exclusão do cargo. No segundo critério, aqui sim surgem as verdadeiras questões e dúvidas. Quando toca a imparcialidade ou neutralidade, fica claro que as situações ocorridas não são assim tão transparentes. Como exemplo, temos o antigo Chefe de Gabinete do Ministro Pedro Motas Soares, que foi nomeado Diretor de Serviço durante 3 anos, não devido ao seu bom desempenho, pois nunca se ouviu nada sobre este sujeito, mas sim pela sua grande amizade com o Vice-primeiro-Ministro, Dr. Paulo Portas e com a Ministra da Agricultura e das pescas, Assunção Cristas.
    A lei é clara, as nomeações definitivas são proibidas desde a convocação de eleições até à indigitação do novo Governo pelo Presidente da república.
     Este Governo, cheio de ilegalidades, não cumprindo o que antes tinha prometido, aplicou em Portugal uma “Lei da Troika” que foi mais além do memorando assinado anteriormente, aplicando políticas de desigualdade, empobrecimento e emigração apenas para prosseguir as suas verdadeiras políticas neo-liberais.
      Como bandeira eleitoral, o Partido Social Democrata apresentou o fim da nomeação dos cargos administrativos da forma que eram feitos anteriormente, ou seja, diretamente e de dificuldade àqueles que se encontravam fora da “esfera do poder”, prometendo a criação de uma Administração transparente e ocupação de cargos através de concursos públicos. Mais uma vez, uma promessa não cumprida como tantas outras.
      A dança de cadeiras veio espelhar a realidade do nosso sistema. Por mais abertura que exista na Administração e na escolha de candidatos, haverão sempre indivíduos que apenas se servem da política e dos cargos para se abastarem e garantir a sua sobrevivência. A isto chamo o “mau trato” da política, porque a democracia é para ser servida e não para nos servirmos dela.

      O sistema carece, cada vez mais de uma profunda reforma, pois chegámos ao ponto de existirem falsos concursos públicos para justificar nomeações sem constar no Diário da República. Chegámos ao estado da violação do Princípio da Confiança, o que leva à profunda violação do Estado de Direito Democrático que tantos lutaram para construir.

David Serrachino 

Estudante na faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, 
Vice-Presidente do grupo Jovem de Rio de Moinhos, 
Presidente da Concelhia da Juventude Socialista de Borba,
Membro do Secretariado da Juventude Socialista Federação de Évora,
Membro da Comissão Nacional da Juventude Socialista,
Representante da JS na CPC do PS Borba,
Vogal na Direção da Sociedade de Debates da Universidade de Coimbra





terça-feira, 27 de outubro de 2015

Composição do governo a prazo

     O lápis da verdade dá hoje a conhecer as novas caras do futuro governo, ainda que seja só por uns dias... A sua tomada de posse será na próxima sexta-feira, pelas 12:00h.

XX Governo Constitucional: 





Pedro Passos Coelho - Primeiro-ministro









Paulo de Sacadura Cabral Portas – Vice-Primeiro-Ministro









Maria Luís Casanova Morgado Dias de Albuquerque – Ministra de Estado e das Finanças








Rui Manuel Parente Chancerelle de Machete – Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros









José Pedro Correia de Aguiar-Branco – Ministro da Defesa Nacional








Luís Maria de Barros Marques Guedes – Ministro da Presidência e do Desenvolvimento Regional







João Calvão da Silva – Ministro da Administração Interna








Fernando Mimoso Negrão – Ministro da Justiça








Jorge Manuel Lopes Moreira da Silva – Ministro do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia







Maria da Assunção de Oliveira Cristas Machado da Graça – Ministra da Agricultura e do Mar









Luís Pedro Russo da Mota Soares – Ministro da Solidariedade, Emprego e Segurança Social







Luís Miguel Gubert Morais Leitão – Ministro da Economia 









Fernando Serra Leal da Costa – Ministro da Saúde







Margarida Isabel Mano Tavares Simões Lopes Marques de Almeida – Ministra da Educação e Ciência









Rui Pedro Costa Melo Medeiros – Ministro da Modernização Administrativa








Maria Teresa da Silva Morais – Ministra da Cultura, Igualdade e Cidadania







Carlos Henrique da Costa Neves – Ministro dos Assuntos Parlamentares





     Esta será então a nova composição do executivo, que terá até ao próximo dia 9 de Novembro para apresentar ao Parlamento o seu programa de governo, programa esse, que a esquerda promete chumbar. Um novo governo, com 8 novos Ministros, 3 deles antigos Secretários de Estado, e ainda a criação de 3 novos ministérios. Caras que saíram e entraram, a questão que se coloca é: estarão elas todas de saída em Novembro?

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Um governo a nascer, mas prestes a morrer

    Parece que finalmente temos um desfecho para os resultados eleitorais, ou não… Cavaco Silva, como já era de esperar, indigitou Pedro Passos Coelho para formar governo, a questão é que a sua morte já está anunciada para breve.
    Cavaco depois de ouvir todos os partidos políticos, chegou à conclusão que deveria indigitar Passos Coelho a formar governo, visto ser o líder da força politica mais votada, a 4 de Outubro. Parece-me uma decisão acertada, e não acho que seja perda de tempo, querendo ou não, foi a coligação “Portugal à frente” que venceu, tem o direito de governar. O problema é que já temos o fim deste governo anunciado, PS, PCP e Bloco de Esquerda, já fizeram saber que apresentarão no parlamento uma moção e rejeição a este executivo. A ser aprovada, temos um governo demitido naquele preciso momento.
     Anunciada está a sua aprovação, e o que poderá acontecer depois? Aqui é que a coisa se complica. Como sabemos o Presidente da Republica tem os seus poderes limitados, como tal, não poderá convocar novas eleições legislativas, portanto, tem uma grande e grave decisão a tomar. Tem estes caminhos possíveis: mantém Passos e o seu executivo como governo de gestão, dá posse a António Costa e à sua maioria de esquerda, ou um governo de iniciativa presidencial.
     Analisando cada uma delas, o governo de iniciativa presidencial está à partida excluído, a maioria de esquerda que derrubará este governo, não hesitará em derrubar obviamente o governo do Presidente, visto que a esquerda quer é governar. Sendo assim, ficamos com uma maioria de esquerda que quer governar os destinos do país. Mas tendo em conta as declarações do Presidente da Republica, parece um pouco impossível dar posse a esse governo, pois arrasou com o PCP e BE, afirmando que são partidos que não defendem a NATO, nem a união monetária, logo para o Presidente não devem governar.
     A esquerda, quando Cavaco indigitou Passos, disse ser uma perda de tempo para o país, pois irá derrubar o governo, mas na verdade, a esquerda também ainda não apresentou qualquer sinal de compromisso, ou qualquer sinal de acordo, nem as suas linhas. O Presidente não poderia dar posse a um governo sem saber o que realmente está em cima da mesa, e mais, os portugueses merecem saber o que está em cima da mesa, antes até deste governo ser derrubado! É certo que a esquerda tem maioria, mas uma maioria não chega, é preciso saber o que quer essa maioria…
     Sem a frente de esquerda apresentar um compromisso credível e viável ao Presidente, ficamos com um governo derrubado, ficamos com a hipótese de um governo de gestão até se poder marcar eleições, que só poderão ocorrer lá para Junho. Uma situação que seria de todo ruinosa para a nossa credibilidade, e até, poderia por em causa tudo aquilo que já foi feito.
     Na minha análise da situação, a solução que me parece mais viável neste momento é a seguinte: o PS suportar a coligação PSD/CDS, a fim de se aprovar um Orçamento de Estado, preparar com tempo, cabeça, tronco e membros a sua alternativa de esquerda com o PCP e BE, e então, depois, quando se pudesse convocar eleições, derrubar o governo e sufragar em urnas a maioria de esquerda ou a coligação de direita. Parece-me ser aquilo que seria mais responsável e sério para o momento crítico que vivemos.

     Daqui por uns dias, teremos um governo derrubado, teremos uma maioria de esquerda que quer governar, teremos um Presidente, de novo, com decisões a tomar. Portugal vive um momento histórico para a sua democracia, espero que seja um marco histórico, mas que não deixe marcas negativas. 



quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Quem será afinal o empossado?

     Quem será o próximo a fazer a assinatura? A situação chegou a um impasse, só quem o poderá desempatar é o Presidente da República. As cartas estão jogadas, as estratégias delineadas e as intenções de cada um conhecidas.
      Soubemos que António Costa disse ao Senhor Presidente, que está em condições de assumir um governo de maioria parlamentar, suportado pelo PCP, Bloco de Esquerda e Verdes, uma maioria na Assembleia da República que poderia dar a dita estabilidade que o Presidente apregoa. Mas sabemos igualmente que Passos quer se indigitado como Primeiro-Ministro, mesmo sendo um governo minoritário (nada o impede).
Passos, ainda acredita que o PS poderá viabilizar o governo PSD/CDS-PP, parece-me que Passos não deve estar a ver a mesma situação que eu… António Costa e o PS, têm, ao que dizem, uma solução alternativa, portanto muito dificilmente viabilizariam esse governo. Vejamos então o que poderá acontecer.
      Na conjetura atual parece-me que Cavaco irá jogar pelo seguro, digamos que vai ser “politicamente correto”, ou não. Cavaco muito provavelmente dará a posse a Passos Coelho, mesmo com a maioria parlamentar de esquerda e mesmo com a solução que António Costa lhe apresentou. A questão é que os partidos de esquerda, tendo uma alternativa, muito provavelmente farão cair o governo de direita, para que eles depois possam assumir a liderança do país com a estabilidade parlamentar.
     Catarina Martins diz que é perda de tempo indigitar Passos, mas analisando bem, afinal de contas, foi o PSD e CDS que ganharam as eleições, por isso merecem governar. Por outro lado, se a esquerda vai mesmo derrubar o governo, por acreditar que a direita não tem estabilidade (que não tem), então é mesmo perda de tempo. Mas ainda assim, merecem governar.
     Caído o governo, a questão torna-se complicada, ainda mais. O Presidente ficará outra vez com uma bomba em mãos, já não pode dissolver a Assembleia da Republica, visto que está impedido, por ter o mandato condicionado por se encontrar no fim. Quais as opções? Ou mantém o governo do PSD/CDS em gestão até serem convocadas eleições, que só poderá ser 6 meses depois das presidenciais, ou então, indigita Costa e a sua maioria de esquerda para governar o país.
      Julgo que o Senhor Presidente poderá tomar o caminho que me parece correto. Indigita Passos Coelho para formar governo, pois gostando ou não, ganhou as eleições, e só esgotada esta possibilidade indigitará a esquerda a governar, se esta derrubar a direita.
      Nestes dias e meses, tudo poderá acontecer, o Presidente da Republica tem a decisão nas mãos, só ele saberá a quem dará a posse. Por agora, só podemos esperar pela tomada de posição, veremos então quem será aquele que assinará e fará finalmente o juramento: “Eu, abaixo assinado, afirmo solenemente….”

     

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Negociadores em negociação...

     As máscaras começam a cair. Os avanços nas negociações para a formação de governo têm sido feitos pelo PS tanto à esquerda, como à direita, a fim de dar uma maioria estável ao país.
     A aproximação com a esquerda parece evidente. O PCP mostrou total disponibilidade para viabilizar um governo socialista, e parece ser evidente esta intenção, visto que começaram reuniões mais “técnicas” entre os dois partidos, a fim de aprofundar a convergência. O PEV (os chamados “verdes”), também deram sinais de abertura com o PS, mas isto já era evidente, o seu “paizinho” (leia-se PCP), já tinha aceitado, logo eles também o tinham de aceitar. Recordando uma frase do líder da anterior governação socialista, os verdes, são “verdes por fora, vermelhos por dentro”.
     O Bloco de Esquerda de Catarina Martins, também reuni-o com o PS, e mostrou abertura para discutir uma eventual solução governativa à esquerda. Igualmente neste caso, iniciou-se reuniões técnicas para acertar as agulhas, a fim de finalmente tentar cozer esta malha. A aproximação do Partido Socialista com a esquerda é inevitavelmente um momento histórico, mais até com o PCP, dadas as divergências desde o PREC. É o momento em que PCP e BE parecem finalmente querer deixar de ser meramente partidos de protesto, e passar a ser, solução para os problemas dos portugueses.
     À direita, o caso está mais complicado, pelo menos para o lado do PSD e CDS. Costa, Passos e Portas, reuniram por 2 vezes as suas equipas, a fim de se poder encontrar forma de o PS suportar o governo minoritário da coligação. Não deu em nada. Passos disse hoje que não seria “refém desta situação politica”, e por isso não tenciona ter mais reuniões com os socialistas, e mais, diz que o Presidente da Republica deve indigitá-lo a formar governo. Pedro Passos Coelho ainda não percebeu que quem precisa de estabilidade é mesmo o governo dele. É que ele ganhou sem maioria, se não tem o apoio das restantes forças partidárias, o seu governo cairá em menos de uma sessão parlamentar.
     Os partidos da maioria ainda não perceberam que são eles que precisam de ajuda para governar e não o contrário! Acho que ainda não pensaram que o BE, prometeu apresentar uma moção de rejeição, ao qual vota favoravelmente, e, o PCP e verdes também. Se o PS votar a favor, meus amigos, não chegam a aquecer a cadeira, porque o governo é derrubado naquele momento. Para já não falar do Orçamento de Estado para 2016…
     A situação está crítica. A coligação não cede ao PS, o PS negoceia com a esquerda uma alternativa a este governo, o Presidente da Republica, que já deve de estar a pensar nas memórias que escreverá, assiste a isto tudo impávido e sereno. É preciso uma política de compromisso para dar a estabilidade ao país, hoje, fica evidente, que se Cavaco cede a Passos e o encarrega de gerar governo, a estabilidade que tanto apregoa, dura até às primeiras sessões parlamentares. Aguardemos o desenrolar da situação politica, e aguardemos igualmente que Cavaco acorde neste último momento do mandato…






sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Assistimos ao fim do PREC

     De uma vez por todas está a pôr-se fim ao PREC. O Partido Socialista aproximou-se dos comunistas, dizendo que existe pontos de convergência a aprofundar, desde o pós revolução que se vivia um certo clima hostil entre estes partido, parece que agora é que é, a esquerda finalmente vai criar consensos para o melhor de Portugal.
     Depois de reunidos, os dois partidos disseram que existe grandes pontos em que se terá de aprofundar as convergências a virem a ser realizadas. Julgo que dos cenários que poderão vir a ser adotados, este parece, até agora, o que está a dar mais “frutos”, uma convergência de esquerda que vise dar ao país uma maioria estável. É certo que será bastante complicado, aliás como já o tinha referido, ainda falta a reunião com o Bloco de Esquerda e certamente muito acerto de agulhas até o processo estar concluído, isto a ser concluído.
     Hoje ficámos a saber, depois da reunião entre a coligação PSD/CDS-PP e o PS, que foi uma reunião “bastante inconclusiva”. As divergências entre o PS e a direita portuguesa parecem ser bastante grandes para um entendimento, este cenário é igualmente complicado, e já estamos a ver que o é. Contudo, na próxima terça-feira, reunirão de novo para tentar aprofundar as suas divergências e consensos.
     A situação está nas mãos do Partido Socialista, será o PS a decidir o que vai ser o futuro de Portugal. A meu ver, neste momento, a coligação entre esquerdas parece mais evidente, ainda que faltando a reunião com o Bloco de Esquerda, pelo menos com o PCP a questão está avançada, e parece haver o mínimo de consenso em viabilizar um governo de esquerda. Depois das reuniões ficamos com outra perspectiva do problema: parecia impossível, antes destas reuniões, uma coligação de esquerdas, e parecia mais evidente a viabilização da coligação como governo, mas com as condições do PS. Afinal, não é bem assim…
     A esquerda está a começar a unir-se, as convergências com o Partido Comunista são bastante importantes para formar uma alternativa a esta política, e dar a estabilidade ao país, tão necessária. O PREC está a enterrar-se, 40 anos depois, a esquerda quer unir-se, quer rejeitar o arco da governação, quer fazer o melhor pelo país pondo de lado aquilo que os separava há tanto tempo. Aguardemos serenamente o desenrolar destas negociações, e esperemos com serenidade a decisão dos partidos políticos.

      
     Viva Portugal! 

Debate entre Mário Soares e Álvaro Cunhal, em Novembro de 1975 

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

E agora? Onde encontrar a estabilidade?

    No passado domingo Portugal foi às urnas, os portugueses exerceram o seu mais valioso poder: o voto. Analisemos então o desfecho destas eleições legislativas e os possíveis cenários que poderão vir a existir.
     Primeiro que tudo a análise do atual parlamento nacional. O PSD encontra-se com 86 deputados, o PS com 85, o Bloco de Esquerda com 19, CDS-PP com 18, CDU com 17 e o PAN com 1 deputado. Esquerda tem 121 deputados, enquanto a direita tem 104 parlamentares, a maioria está nas mãos dos partidos da esquerda democrática.
    A situação não é fácil e poderá ter várias leituras e vários caminhos a seguir, nos próximos dias saberemos quais serão eles. Não tendo a direita maioria, terá de formar um governo minoritário, mas sem a maioria no parlamento este governo poderá, a qualquer momento, ficar impedido de continuar as suas funções. Recordo, que até hoje em Portugal, só houve um governo minoritário que chegou ao fim da legislatura, o governo do Dr António Guterres (1995-1999). Nestas condições poderá ocorrer o que se sucedeu em 2011, quando o governo do Partido Socialista, na altura chefiado por José Sócrates, foi derrubado por todos os outros partidos com assento parlamentar.
     Ficando com este cenário (governo minoritário de direita), só há uma forma de o governo conseguir cumprir a legislatura: diálogo. Os partidos vencedores (PSD/CDS-PP) se querem governar o país terão de ter espírito de diálogo, nomeadamente com o PS, e construir pontes de consenso, algo que parece complicado na atual conjetura do quadro político português.
     Mas poder-se-à colocar outra hipótese, tendo os partidos de esquerda maioria parlamentar, poderão apresentar ao senhor Presidente da Republica uma alternativa governativa que vise dar estabilidade ao país. Seria como que uma “coligação” entre PS, CDU e Bloco de Esquerda. O Bloco e a CDU parecem mostrar abertura a essa solução, mas não deixemos de notar que estes partidos foram aqueles que mais criticaram o PS em campanha eleitoral e agora querem governar com ele, no mínimo caricato. Mas parece ser uma solução muito complicada, o PS tem posições diferentes em matérias essenciais comparado com os outros dois partidos políticos, e o Presidente da República disse-nos ontem, que não aceita partidos que não defendam a NATO e o EURO. À partida esta solução poderá estar excluída do quadro, dadas as declarações do senhor Presidente, mas não esquecer que esta solução teria o apoio de 62% dos portugueses. Vejamos como reagirá os partidos a esta hipótese.
     Posto este cenário, neste momento assistimos claramente a um empurra de decisões. O Senhor Presidente da República empurra a responsabilidade para cima dos partidos políticos. O PSD e CDS empurram a responsabilidade, passando a “bola” para a mão do PS, dizendo que estão abertos a diálogo. O BE e CDU empurram também eles a “bola” para o PS quando dizem “que só não forma governo se não quiser”. Digamos, em boa verdade, que o PS perdendo as eleições, mesmo assim parece que vai decidir o futuro governativo do país.
     O Partido Socialista está disponível para o diálogo com as restantes forças partidárias, para tentar chegar a um acordo, ou decidir qual a melhor solução. Parece-me, pessoalmente, que o PS à coligação de direita irá propor a viabilização do governo, mas com a condição de realizarem parte, ou grande parte dos compromissos que o PS deu, e quer cumprir aos portugueses. Será o programa do PS aprovado pela coligação para que esta governe, mesmo que governe com as condições dos socialistas.
     Falhando esta solução, ficamos ainda com aquela “coligação de esquerda”, parece-me que o BE e CDU falam nessa hipótese, mas quando chegar a hora da verdade já não a querem… O PS não abdicará dos seus compromissos, e os partidos à sua esquerda não os quererão aceitar.
     Estes cenários políticos são bastante complicados, e no seu limite, levarão a novas eleições legislativas e a sucessivas crises politicas que em nada favorecem a situação de Portugal. As cartas estão jogadas, os resultados foram estes, o povo expressou-se, não quer ninguém com maioria, mas quer estabilidade. É da responsabilidade dos partidos políticos encontrar soluções que visem o interesse nacional, mantendo um espírito de diálogo.
     Estas possíveis situações serão complicadas de gerir nos próximos momentos, o que se pede é uma solução sólida para o país, que lhe dê estabilidade. Que acima de tudo se pense no interesse nacional e nos interesses dos cidadãos, aguardemos com serenidade os desenrolar do cenário político.

     Viva Portugal!



domingo, 6 de setembro de 2015

ESTADO DE RESIGNAÇÃO vs ESTADO SOCIAL por André Russo

      Não é ficção. Não foi o primo do vizinho que contou. Está à vista de todos: Portugal está pelas ruas da amargura e não serão o fado, o futebol ou a Nossa Senhora de Fátima, com o devido respeito aos três, que nos vão tirar desta situação. Podemos chorar e queixar-nos, mas isto já não vai lá, nem nunca foi, com lamentos.
     O estado do país é de emergência social, e nem por isso as pessoas levantam os ânimos. Portugal tornou-se numa gigante sala de espera, como a de um centro de saúde ou repartição das finanças: rostos cinzentos, cabisbaixos, à espera. À espera e indignados com a espera, no entanto, assim continuam. Para outros, estes cíclicos governos já mataram a esperança faz tempo. E por isso, esses encontram-se num sub-estado: o estado da resignação. Um estado que petrifica o pensamento, que imobiliza a vontade de ação. Quem nunca ouviu repetidas vezes as frases que “norteiam” os que vivem neste estado: “vai-se andando” e “para pior já basta assim”? É o estilo de vida “cá se vai andando com a cabeça entre as orelhas”, já dizia o outro, sem trabalho e sem direitos, sem vontade de pensar e agir.
     Não venho com manifestos eleitorais debaixo do braço. Não venho com frases feitas e projetos políticos na ponta da língua. Trago comigo a vontade de fazer a mudança e essa mudança sim, quero passá-la ao maior número de pessoas. Chegou a altura de juntarmos esforços e ousarmos, no sentido metafórico, passar à frente de toda a fila na sala de espera, porque estamos fartos que adiem a resolução dos nossos problemas.
     Vejamos os números do desemprego. São falaciosos. A emigração, os contratos emprego-inserção e o subemprego andam aí. E todos eles contribuem para que esses números sejam falaciosos. O crescente número de emigrantes significa que há postos de trabalho que não precisam de ser garantidos, visto que há menos pessoas a procurá-los (em Portugal). Mas o desemprego não desceu. Outros “trabalham precariamente” (nem deveria chamar-se trabalho), porque pelo menos assim, acreditam os que estão a receber o subsídio de desemprego, sempre saem de casa e
sentem-se úteis. Mas isso não chega a ser um trabalho e o desemprego não desceu. E ainda outros que têm de trabalhar um dia inteiro, cumprindo o lugar de dois postos de trabalho, para depois ao final do mês receberem uns tustos. Porque o desemprego não desceu. Importante lembrar: o trabalho não é um prémio, o trabalho é um bem vital.
    Já na escola, os alunos passam o dia na sala de aula: um dia bem longo, com horários desumanos e pouco flexíveis. No entanto, parece que nem esse tempo é suficiente para se falar de assuntos que dizem respeito a todos. Crianças de hoje, adultos de amanhã... (escrito sem lirismo). Já dizia o outro (o mesmo de há pouco) que “de pequenino se torce o destino”, e embora tenha sido uma brilhante apropriação do provérbio, acredito que o destino é que vai torcer o pequenino.
    Resta às crianças e aos jovens a competição. Aprender depressa. Tudo e muito. Mostrar resultados, para depois não terem nada e saberem muito pouco. Mas o objetivo é mantê-los ocupados com isso. Quanto menos pensarem ou refletirem sobre o que os rodeia, em menos chatices a comunidade educativa e o governo ficam implicados. E onde fica a reflexão? A discussão? Escapa muita coisa ao sistema educativo. De louvar o trabalho de alguns professores que ainda fazem a diferença. Agora que olho para trás e penso que não fui criança assim há tanto tempo (à escala universal), também me escaparam algumas coisas...não me lembro de terem sido abordados assuntos ou ideias importantes sobre a atualidade em Formação Cívica ou Área de Projeto... Ouvia-se dizer que poderia haver Educação Sexual na escola, mas esse assunto tresandava a tabu. Mais uma vez pode-se falar no “estado de resignação”, desta vez, por parte da comunidade escolar e do governo. E cá se vai andando!
     Fala-se muito na inevitabilidade do estado atual do país. Que foi inevitável o rumo que o país tomou nestes últimos quatro anos. E as pessoas tomam isso como um analgésico que alivia a dor por momentos, porém não cura a lesão. Não se pode aceitar que a miséria seja inevitável. Não se pode aceitar que o governo continue a empurrar jovens e famílias para o estrangeiro e que depois num volte-face os queira de volta com um sorriso cínico. Não se poder aceitar que os alunos sejam apenas números, alheios ao que os rodeia. Não se pode aceitar que o preconceito
impere.
Querer-se um estado social pleno e saudável não é uma utopia, ou um devaneio, como muitos alegam ser. É um princípio.


André Russo, 26 anos
Candidato independente pelo Bloco de Esquerda – Círculo Eleitoral de Évora