quinta-feira, 7 de julho de 2016

"O Estado da Nação" por João Borralho

Dá-se hoje o debate sobre o Estado da Nação, muito de vai criticar do lado da direita, muito se vai elogiar do lado da esquerda, e o país lá vai assistir a mais uma discussão com o acrescento de que assistiremos ao mesmo tempo ao anúncio da Comissão Europeia das sanções aplicadas a Portugal.
Digamos, que teremos o Primeiro-ministro a regozijar e a jubilar as suas medidas, ao mesmo tempo que Bruxelas aplica multas a Portugal pelo não cumprimento das metas. Vejamos, estas sanções só serão aplicadas porque o governo decidiu à pressa a resolução do Banif, sabemos que se não fosse o Banif o deficit teria ficado abaixo dos 3% e hoje não se estaria a discutir isto e o debate do Estado da Nação poderia ser mais animoso.
Mas a verdade seja dita, as sanções não se devem só ao deficit, Portugal não cumpriu é certo, mas creio que também tem que ver com o caminho que o país está a seguir, e aqui podemos então discutir a Nação. Bruxelas não acredita na política que o país está a seguir, até porque ela já foi testada e sabemos o resultado que deu. Bruxelas e muitos portugueses não aceitam que sejamos governados pela extrema-esquerda (leia-se Bloco de esquerda), sim porque todos já percebemos também que o governo não é do PS, mas sim daquilo que o o BE e o PCP quiserem que seja. Não aceitam medidas extremistas. A Nação não está pelas ruas da amargura, mas também não está numa avenida com passadeira vermelha estendida. O estado da economia agrava-se e o país recebe todos os dias avisos dos mercados e das agências de notação financeira de que algo poderá não correr bem.
Não podemos criar uma economia de fantasia como já criamos no passado, não podemos dar tudo aos portugueses, que bem merecem, mas que não temos a possibilidade de dar. É preferível que se faça com responsabilidade as devoluções, gradualmente, explicando aos portugueses o porquê, do que estar numa luta desenfreada em desfazer o que já estava feito. É neste caminho que Bruxelas e os mercados não acreditam. Porque foi este o caminho que levou a mesma Nação à quase bancarrota. As sanções são por incumprimento, mas creio que têm um significado politico muito importante: o caminho é o errado, estamos a ir para onde não devemos ir e os sinais chegam de toda a parte.
Podemos afirmar que a Nação está melhor porque os portugueses têm mais rendimento. Faz-me lembrar 2008, quando se deu a crise financeira. O nosso país parecia o País das maravilhas, tudo corria sobre rodas, até que de um momento para o outro cai tudo. Porque afinal a nossa força económica era uma força fantasiada, não existia, os alarmes tocavam e nós ignorávamos porque o que interessava era o agora, e o agora sabia bem. É o que está a acontecer neste momento, sabe bem a todos nós receber mais uns euros no final do mês, mas esquecemos que daqui a uns anos poderemos ficar sem eles de novo porque afinal não tínhamos a possibilidade de os receber.
Não vale a pena ignorar que a Nação não está bem em termos económicos, que provocarão inevitavelmente novos problemas sociais. Os mercados percebem isso, Bruxelas percebe isso e julgo até que os portugueses começam a recear que isso aconteça. Após estas sanções fica o sentimento que afinal isto não está bem. Afinal isto não é o país das maravilhas que o governo retrata nas suas conferências de impressa.
Julgo que estas sanções são mais um aviso político que outra coisa qualquer. O aviso de uma Europa preocupada que rebente uma nova crise financeira em especial depois do Brexit. Resta-nos debater o Estado da Nação, encontrar soluções responsáveis para resolver os seus problemas e pensar verdadeiramente nessa Nação e não nos caprichos partidários. Porque por vezes o remédio pode ser duro, mas o doente precisa dele para sobreviver.

Viva a Nação, Viva Portugal!

João Borralho 
Criador do Lápis da Verdade