Dá-se hoje o debate sobre o Estado da Nação, muito de vai
criticar do lado da direita, muito se vai elogiar do lado da esquerda, e o país
lá vai assistir a mais uma discussão com o acrescento de que assistiremos ao
mesmo tempo ao anúncio da Comissão Europeia das sanções aplicadas a Portugal.
Digamos, que teremos o Primeiro-ministro a regozijar e a
jubilar as suas medidas, ao mesmo tempo que Bruxelas aplica multas a Portugal
pelo não cumprimento das metas. Vejamos, estas sanções só serão aplicadas porque o
governo decidiu à pressa a resolução do Banif, sabemos que se não fosse o Banif
o deficit teria ficado abaixo dos 3% e hoje não se estaria a discutir isto e o
debate do Estado da Nação poderia ser mais animoso.
Mas a verdade seja dita, as sanções não se devem só ao
deficit, Portugal não cumpriu é certo, mas creio que também tem que ver com o
caminho que o país está a seguir, e aqui podemos então discutir a Nação.
Bruxelas não acredita na política que o país está a seguir, até porque ela já
foi testada e sabemos o resultado que deu. Bruxelas e muitos portugueses não
aceitam que sejamos governados pela extrema-esquerda (leia-se Bloco de
esquerda), sim porque todos já percebemos também que o governo não é do PS, mas
sim daquilo que o o BE e o PCP quiserem que seja. Não aceitam medidas extremistas. A Nação não está pelas ruas
da amargura, mas também não está numa avenida com passadeira vermelha
estendida. O estado da economia agrava-se e o país recebe todos os dias avisos
dos mercados e das agências de notação financeira de que algo poderá não correr
bem.
Não podemos criar uma economia de fantasia como já criamos
no passado, não podemos dar tudo aos portugueses, que bem merecem, mas que não
temos a possibilidade de dar. É preferível que se faça com responsabilidade as
devoluções, gradualmente, explicando aos portugueses o porquê, do que estar numa
luta desenfreada em desfazer o que já estava feito. É neste caminho que
Bruxelas e os mercados não acreditam. Porque foi este o caminho que levou a
mesma Nação à quase bancarrota. As sanções são por incumprimento, mas creio que
têm um significado politico muito importante: o caminho é o errado, estamos a
ir para onde não devemos ir e os sinais chegam de toda a parte.
Podemos afirmar que a Nação está melhor porque os
portugueses têm mais rendimento. Faz-me lembrar 2008, quando se deu a crise
financeira. O nosso país parecia o País das maravilhas, tudo corria sobre
rodas, até que de um momento para o outro cai tudo. Porque afinal a nossa força
económica era uma força fantasiada, não existia, os alarmes tocavam e nós
ignorávamos porque o que interessava era o agora, e o agora sabia bem. É o que
está a acontecer neste momento, sabe bem a todos nós receber mais uns euros no
final do mês, mas esquecemos que daqui a uns anos poderemos ficar sem eles de
novo porque afinal não tínhamos a possibilidade de os receber.
Não vale a pena ignorar que a Nação não está bem em termos económicos,
que provocarão inevitavelmente novos problemas sociais. Os mercados percebem
isso, Bruxelas percebe isso e julgo até que os portugueses começam a recear que
isso aconteça. Após estas sanções fica o sentimento que afinal isto não está
bem. Afinal isto não é o país das maravilhas que o governo retrata nas suas conferências
de impressa.
Julgo que estas sanções são mais um aviso político que outra
coisa qualquer. O aviso de uma Europa preocupada que rebente uma nova crise
financeira em especial depois do Brexit. Resta-nos debater o Estado da Nação, encontrar
soluções responsáveis para resolver os seus problemas e pensar verdadeiramente
nessa Nação e não nos caprichos partidários. Porque por vezes o remédio pode
ser duro, mas o doente precisa dele para sobreviver.
Viva a Nação, Viva Portugal!
João Borralho
Criador do Lápis da Verdade