A situação grega agravou-se. O
problema é enorme, um problema económico, financeiro e um grande problema político.
A Grécia hoje teria de pagar ao FMI, falhou esse pagamento. Os Bancos estão
encerrados, a bolsa de Atenas no mesmo seguimento, levantamentos monetários só
60 euros por dia. A situação é complexa, e parece que ainda não há luz ao fundo
do túnel.
A Grécia encontra-se numa
situação insustentável, de um enorme incumprimento financeiro, para o resolver
necessita da ajuda da Europa e dos credores. O problema é muito claro: tanto a
Europa como a Grécia mostram-se de alguma forma intransigente. A Europa quer demonstrar
que o único caminho possível é o da austeridade, a Grécia quer mostrar que há
alternativa a esse caminho, mas a Europa não permite que o governo helénico o
mostre.
O problema é económico e
financeiro, mas é na sua base um problema ideológico. A zona euro está a transformar
a economia numa asfixiante ditadura de capital, em que a austeridade é o único caminho,
sem se importar para quem é feita a economia, para as pessoas. Tem-se seguido
uma política de cortes, de contenção, como se os problemas se resolvessem todos
desta forma. Quem lucrou com esta política foram as grandes economias da Europa,
as restantes foram prejudicadas, e o caminho não é este.
O governo grego apresentou-se
como uma alternativa ao seu povo, dizendo que daria um murro na mesa da Europa
para tentar mudar o rumo das coisas. O problema é que a forma como o Euro foi construído
é que foi errada, e para alterar temos todos de estar de acordo, coisa que as
grandes economias não estão dispostas pois os interesses particulares falam
mais alto. Esquecem-se é que se o interesse da zona euro estiver satisfeito, os
seus interesses nacionais também estarão. Se o Euro fracassar todos seremos
atingidos, não há a dita preparação que o nosso senhor primeiro-ministro diz.
A questão é que o governo grego
não tem a mesma ideologia política em relação aos outros governos, como tal é preciso
demonstrar que são maus, para que nos outros países continuem sempre os mesmos.
A política domina esta crise, vejamos o referendo que o Primeiro-ministro grego
apresentou. É sem dúvida um ato meramente politico, fechou a porta das
negociações, que hoje parece que já estão novamente a restabelecer-se mas muito
mal, e decidiu colocar nas mãos dos gregos a responsabilidade. Os gregos só
querem uma solução, só querem a solidariedade da Europa, porque esse é o princípio
básico desta União de países, e a economia e o interesse está a destruir esta
Europa fraterna.
Esta política de austeridade,
esta politica desmedida criada em grande parte pela Alemanha, está a matar a
União Europeia, está a matar os povos europeus. É preciso dar o dito murro na
mesa, e colocar as coisa em ordem, os países todos aos mesmo nível, porque
somos todos iguais, voltar a estabelecer as negociações num espírito de
solidariedade, romper com a politica que tem vindo a ser seguida, que só
asfixia os pequenos países. E preciso mudar esta Europa na sua forma de
pensar, e o caso grego é um sinal de que algo está a falhar, algo está mal, e
cabe a todos os países mudar. Cabe a todos os países voltar a esta política de
solidariedade e fraternidade.
As negociações têm de voltar ao
centro da questão, têm de se sentar novamente à mesa, sem preconceitos, despir
as ideologias e pensar verdadeiramente naqueles que sofrem hoje. A Europa, a
continuar assim, a Grécia acabará por ter que sair do Euro, e não é só a saída de
um país como nos diz Cavaco Silva, é o fracasso do Euro, é o contágio que terá
nos outros países, incluindo Portugal. Precisa-se de encontrar uma solução
rápida e que satisfaça as duas partes. A austeridade não é caminho, a força não
é caminho, as negociações, a solidariedade e o encontro de pontos de consenso,
são essas sim, o caminho! Aguardemos os desenvolvimentos, e principalmente que se devolva a União à Europeia!