quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

O último de 2015

Nestes últimos dias muita água correu debaixo da ponte, analisarei neste artigo o caso Banif, o Orçamento retificativo para 2016, a saída de Paulo Portas da liderança do CDS-PP e ainda o desenvolvimento da campanha Presidencial.
Começo pelo caso do Banif, mais um banco que vai ao fundo. Desde há muito que sabemos que banco atravessava uma situação complicada, já tinha sido capitalizado e nos últimos tempos atravessava particularmente um tempo difícil. Ficámos a saber que o banco teria uma resolução que passava pela venda ao Santander Totta, mas ao contrário do que aconteceu no caso BES, aqui os custos recaem sobre todos os contribuintes. É certo que no BES, tendo a caixa geral de depósitos feito parte da resolução, e a haver perdas, haverá para o Estado, mas a questão é diferente, porque no Banif havendo perdas ou não, lá teremos de pagar. E a pergunta que se faz é muito simples: há uns meses foi possível tomar uma decisão que salvaguardou os contribuintes, porquê agora tomar uma completamente diferente? Os portugueses mereciam uma resposta.
A banca funciona muito bem até tudo correr bem, mas quando corre mal, corre mal para todos nós. Há algo que tem de mudar neste paradigma, os contribuintes não são salvadores, os contribuintes estão fartos de pagar o prejuízo de privados, o BES foi o único que ao que parece, ainda não recaiu grande conta para todos nós. O Banco de Portugal deveria esclarecer os portugueses, porque algo neste caso do Banif não está bem explicado, a começa pela pergunta: porque não uma resolução como BES?
E ainda de salientar que é uma injustiça e uma demagogia enorme o atual governo culpar o outro por ter arrastado este caso. É um total disparate, porque como todos sabemos a entidade reguladora não é o governo, mas sim o Banco de Portugal. E é de uma enorme insensatez o atual executivo vir dizer que fez mais em 3 semanas neste caso, que o anterior governo em 4 anos, porque tanto nos 4 anos do anterior governo, como nas 3 semanas deste novo, quem regula estas matérias é sempre o Banco de Portugal e não os governos. É preciso alguma humildade e verdade.
E este caso já fez com que a dita “geringonça” desse sinal de fragilidade. O governo do PS suportado pelos partidos de esquerda, afinal não é bem suportado por eles… No Orçamento retificativo, votaram contra, deixando em aberto e que poderia acontecer, valeu ao PS o PSD que se absteve na votação. Ora um governo que se dizia estável, de esquerda, que faria políticas diferentes, que duraria uma legislatura, ao primeiro teste falha logo. António Costa que dizia que não queria a direita, precisou da direita justamente para aguentar o seu governo, uma situação constrangedora certamente o líder do governo.
Ora esta “geringonça” já se percebeu que aguentará à custa da direita portuguesa, os partidos à esquerda que diziam que o suportavam, afinal não suportam nada. Cavaco Silva pedia a estabilidade, a aprovação dos Orçamentos de Estado a António Costa, o Orçamento até foi aprovado, a questão é que não foi pelos seus parceiros, mas justamente pela sua oposição. Mais episódios destes acontecerão e certamente que este governo sai muito fragilizado se continuar a acontecer o que aconteceu.
E justamente porque Paulo Portas terá recebido que este governo se calhar até durará mais tempo que se previa, tomou a decisão de sair da liderança do CDS. Na minha opinião tomou a decisão correta, é preciso dar uma frescura ao CDS, mostrar que tem uma linha própria, renovada, que é um partido que está em mudança. Nada como mudar de liderança para que o eleitorado perceba que o CDS já não está coligado com o PSD e que tem uma linha e agenda própria. Portugal perdeu o líder há mais tempo em funções partidárias, e perdeu certamente um bom politico, e o lápis da verdade não poderia deixar de dar uma nota de apreço e de bem-haja ao Dr Paulo Portas por estes anos de liderança no seu partido.
Por último mas não menos importante, as eleições presidenciais. Os candidatos começam a aparecer finalmente na opinião pública e na comunicação social. As campanhas de cada um avançam à sua maneira, e já se começa a perceber o que cada candidato defende e quer para Portugal. As últimas sondagens apontam o mesmo que as anteriores, Marcelo ganha e Maria de Belém em segundo lugar. Marcelo é o candidato que todos conhecem pela sua grande exposição mediática, mas nos últimos dias pecou quando disse que seria Presidente daqui umas semanas. Há que ter humildade na política, e há que respeitar o voto do povo, porque só dia 24 de Janeiro saberemos quem será Presidente da República, não há candidatos vencedores anunciados, há democracia e voto.
Maria de Belém tem feito uma campanha muito de proximidade, tem percorrido alguns pontos do país visitando instituições de cariz social, tecendo criticas a Marcelo Rebelo de Sousa, que alias já disse ser o seu principal adversário, e tem feito a campanha muito virada para as pessoas e para um determinado setor da sociedade. Estes dois candidatos pelo que recebemos da opinião e da comunicação social são os favoritos à vitória. Ainda que tenhamos Sampaio da Nóvoa, mas devo dizer que o candidato é uma desilusão, não diz nada de importante, passa a vida a repetir que é independente, o que não é, porque tem grandes tendências à esquerda e não as esconde, aliás já disse ser um “aliado do governo”, mas não diz nada que seja importante para a resolução dos problemas nacionais. Acho que tem de repensar o seu discurso. Dia 24 de Janeiro ficaremos a saber quem passou a mensagem e quem os portugueses querem no Palácio de Belém.
Nós próximos dias começaremos a assistir aos debates entre candidatos e passaremos a ter ainda mais informação, com o aproximar da data das eleições, teremos ainda os desenvolvimentos do caso Banif, que afirmo novamente que é necessário esclarecimentos aos portugueses, e teremos com certeza mais episódios deste governo de esquerda.

O lápis da verdade não poderia deixar de desejar a todos os leitores um próspero ano do 2016, e que a vida de cada um seja pelo menos mais feliz e com mais alegria, a todos em meu nome pessoal e em nome do blog, um feliz ano novo. 

sábado, 12 de dezembro de 2015

Presidênciais 2016, quem vencerá?

A pouco mais de um mês das eleições presidências, finalmente começa a falar-se delas, como tal é altura de fazer uma análise rápida sobre o eleitorado de cada candidato e as suas hipóteses de chegar à Presidência da República.
Vejamos o candidato da área da direita portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, aquele que é apontado como o favorito nesta corrida presidencial. Marcelo aparece como um candidato que não quer o apoio dos partidos da direita, apesar de esses mesmos terem expressado o seu apoio ao professor de direito. O eleitorado deste candidato é muito claro: a direita portuguesa, e até alguma parte do centro politico.
Na área do centro-esquerda português temos a candidata Maria de Belém Roseira, ex ministra e ex-presidente do Partido Socialista. Apresenta-se a estas eleições como ela própria disse “para disputar a vitória” e afirma que o seu principal opositor “é Marcelo Rebelo de Sousa”. O eleitorado desta candidata é claramente o eleitorado do Partido Socialista e o eleitorado que Marcelo não consegue “roubar” ao centro do espectro político. Mas quando falamos neste eleitorado de Maria e Belém, surge aqui outro candidato (Sampaio da Nóvoa), que teimam em dizer que é do mesmo eleitorado de Maria de Belém, o que não corresponde à verdade.
Sampaio da Nóvoa é um independente, uma pessoa que nunca se identificou com partidos políticos (aparentemente), mas que recebe o apoio do MRPP e do LIVRE, e é claramente uma pessoa muito mais à esquerda do PS, portanto a afirmação que Maria de Belém e Sampaio da Nóvoa disputam o mesmo eleitorado é falsa. Apesar do candidato ter apoios do Partido Socialista, claramente não é do Partido Socialista, logo não poderia disputar os votos de uma verdadeira socialista.
Estes dois candidatos, surgem nas intenções de voto muito próximo, mas a candidata Maria de Belém surge com alguma vantagem, o que é natural, as pessoas conhecem Maria de Belém, não conhecem Sampaio da Nóvoa porque nunca apareceu na vida politica. Ambos os candidatos têm trocado algumas acusações e uma de Maria de Belém sobre o candidato do MRPP é claramente essa: “alguém que nunca se interessou pela vida pública e política de Portugal, vem agora reclamar o cargo mais alto da Nação.”.
Estes 3 são aqueles que são favoritos à vitória na corrida ao Palácio de Belém. Quem tem mais hipóteses claramente é Marcelo Rebelo de Sousa, muito por culpa da sua exposição mediática durante anos na televisão portuguesa. Mas em democracia nada é garantido, e as sondagens assim o dizem, algumas mostram que o candidato ganha à primeira volta, outras mostram que não, e nesse caso quase todas indicam que teria de disputar essa segunda eleições com Maria de Belém. Se houver segunda volta temos dois cenários: Maria de Belém com Marcelo, ou Sampaio da Nóvoa com Marcelo.
Vejamos o caso de ocorrer Sampaio da Nóvoa contra Marcelo na segunda volta, seria uma vitória clara do candidato de direita, por uma razão muito simples: as pessoas votam em alguém quem conhecem, do que em alguém que não conhecem, Sampaio da Nóvoa ao lado de Marcelo, ninguém o conhece, nem sabe o que ele pretende.
No caso de ocorrer Maria de Belém contra Marcelo Rebelo de Sousa, o resultado já será mais difícil e pouco garantido a qualquer  um dos candidatos. Maria de Belém é conhecida de todos os portugueses pelos seus anos de vida pública, assim como Marcelo, e há um eleitorado de direita que não vota Marcelo na primeira volta, votará em branco, caso isto ocorra à segunda volta esses votos brancos transformam-se em votos na candidata presidencial. Assim como Maria de Belém tem a vantagem de piscar o olho ao eleitorado feminino e roubar muito eleitorado católico ao candidato Marcelo Rebelo de Sousa. Assim como o eleitorado de direita estaria ao lado de Marcelo e o eleitorado de esquerda ao lado de Maria de Belém. Nesta hipótese, estará tudo em aberto.

Dia 24 de Janeiro iremos a votos para decidir qual o tipo de personalidade que queremos ter como Presidente da República, umas eleições importantes até pelo próprio momento politico atual, visto que é necessária estabilidade e serenidade. Daqui a poucas semanas, teremos um novo Presidente, ou nova Presidente, o povo assim o ditará, ficou aqui a análise dos 3 principais candidatos, veremos se o futuro ato eleitoral não nos surpreenderá. 


segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

O resultado (in)esperado

E o primeiro teste partidário em França após os atentados ocorridos em Paris, aconteceu ontem, na primeira volta das eleições regionais. Os resultados são surpreendentes, a Frente Nacional de Marine Le Pen ganha 6 das 13 regiões, a extrema-direita ganha assim este primeiro teste.
O discurso deste partido assenta que nem uma luva no pensamento que paira na cabeça dos franceses após os atentados, o discurso quase que ficou aprovado pelo facto de tal barbaridade ter ocorrido. Ganha assim esta primeira volta das eleições regionais, deixando para segundo lugar Les Republicains de Nicolas Sarkozy, e deixa ainda mais fragilizada a posição de François Hollande visto que o seu partido, o PS Francês fica-se pelo terceiro lugar. Já ouvi no dia de hoje que o povo francês tinha feito uma má escolha, que não pensou, que não refletiu, que era quase ilegítimo este partido ter ganho. O que eu digo é que este resultado, resulta do voto do povo francês, resulta da vontade popular, resulta da intenção de voto da maioria dos franceses. Todos os resultados eleitorais são legítimos quando são provocados por eleições livres, em que cada um tem a consciência política de decidir o que acha melhor. Gostarmos ou não gostarmos, isso é já outra questão, mas que é uma escolha democrática, isso é, e só temos de respeitar.
É certo que estas eleições podem ser um presságio para as próximas eleições presidenciais, é certo que se tal resultado se replicar na votação para Presidente da Republica, França mudará e consequentemente mudará a Europa. Teremos a segunda volta destas eleições regionais no próximo dia 13, domingo, soubemos hoje que os candidatos do PS francês desistiram a favor dos candidatos Republicanos de Nicolas Sarkozy, como seria vantajoso que em Portugal a direita e a esquerda também se conseguisse entender nalguma coisa. Uma grande lição de sentido de Estado, uma decisão de saudar.

A Europa está em mudança, está em transformação do ponto de vista das forças políticas que emergem em cada país que a constitui, costuma dizer-se  que “muda-se os tempos, muda-se as vontades”, as vontades parece que mudaram, e teremos de respeitar essas vontades, como gostaríamos que respeitássemos as nossas próprias.