No passado domingo Portugal foi às urnas, os portugueses
exerceram o seu mais valioso poder: o voto. Analisemos então o desfecho destas
eleições legislativas e os possíveis cenários que poderão vir a existir.
Primeiro que tudo a análise do atual parlamento nacional. O
PSD encontra-se com 86 deputados, o PS com 85, o Bloco de Esquerda com 19,
CDS-PP com 18, CDU com 17 e o PAN com 1 deputado. Esquerda tem 121 deputados,
enquanto a direita tem 104 parlamentares, a maioria está nas mãos dos partidos
da esquerda democrática.
A situação não é fácil e poderá ter várias leituras e vários
caminhos a seguir, nos próximos dias saberemos quais serão eles. Não tendo a
direita maioria, terá de formar um governo minoritário, mas sem a maioria no parlamento
este governo poderá, a qualquer momento, ficar impedido de continuar as suas
funções. Recordo, que até hoje em Portugal, só houve um governo minoritário que
chegou ao fim da legislatura, o governo do Dr António Guterres (1995-1999). Nestas
condições poderá ocorrer o que se sucedeu em 2011, quando o governo do Partido
Socialista, na altura chefiado por José Sócrates, foi derrubado por todos os
outros partidos com assento parlamentar.
Ficando com este cenário (governo minoritário de direita),
só há uma forma de o governo conseguir cumprir a legislatura: diálogo. Os
partidos vencedores (PSD/CDS-PP) se querem governar o país terão de ter
espírito de diálogo, nomeadamente com o PS, e construir pontes de consenso, algo
que parece complicado na atual conjetura do quadro político português.
Mas poder-se-à colocar outra hipótese, tendo os partidos de
esquerda maioria parlamentar, poderão apresentar ao senhor Presidente da
Republica uma alternativa governativa que vise dar estabilidade ao país. Seria
como que uma “coligação” entre PS, CDU e Bloco de Esquerda. O Bloco e a CDU
parecem mostrar abertura a essa solução, mas não deixemos de notar que estes
partidos foram aqueles que mais criticaram o PS em campanha eleitoral e agora
querem governar com ele, no mínimo caricato. Mas parece ser uma solução muito
complicada, o PS tem posições diferentes em matérias essenciais comparado com
os outros dois partidos políticos, e o Presidente da República disse-nos ontem,
que não aceita partidos que não defendam a NATO e o EURO. À partida esta
solução poderá estar excluída do quadro, dadas as declarações do senhor
Presidente, mas não esquecer que esta solução teria o apoio de 62% dos portugueses.
Vejamos como reagirá os partidos a esta hipótese.
Posto este cenário, neste momento assistimos claramente a um
empurra de decisões. O Senhor Presidente da República empurra a
responsabilidade para cima dos partidos políticos. O PSD e CDS empurram a
responsabilidade, passando a “bola” para a mão do PS, dizendo que estão abertos
a diálogo. O BE e CDU empurram também eles a “bola” para o PS quando dizem “que
só não forma governo se não quiser”. Digamos, em boa verdade, que o PS perdendo
as eleições, mesmo assim parece que vai decidir o futuro governativo do país.
O Partido Socialista está disponível para o diálogo com as
restantes forças partidárias, para tentar chegar a um acordo, ou decidir qual a
melhor solução. Parece-me, pessoalmente, que o PS à coligação de direita irá
propor a viabilização do governo, mas com a condição de realizarem parte, ou
grande parte dos compromissos que o PS deu, e quer cumprir aos portugueses.
Será o programa do PS aprovado pela coligação para que esta governe, mesmo que
governe com as condições dos socialistas.
Falhando esta solução, ficamos ainda com aquela “coligação
de esquerda”, parece-me que o BE e CDU falam nessa hipótese, mas quando chegar
a hora da verdade já não a querem… O PS não abdicará dos seus compromissos, e
os partidos à sua esquerda não os quererão aceitar.
Estes cenários políticos são bastante complicados, e no seu
limite, levarão a novas eleições legislativas e a sucessivas crises politicas que
em nada favorecem a situação de Portugal. As cartas estão jogadas, os
resultados foram estes, o povo expressou-se, não quer ninguém com maioria, mas
quer estabilidade. É da responsabilidade dos partidos políticos encontrar soluções
que visem o interesse nacional, mantendo um espírito de diálogo.
Estas possíveis situações serão complicadas de gerir nos próximos
momentos, o que se pede é uma solução sólida para o país, que lhe dê
estabilidade. Que acima de tudo se pense no interesse nacional e nos interesses
dos cidadãos, aguardemos com serenidade os desenrolar do cenário político.
Viva Portugal!
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