quarta-feira, 7 de outubro de 2015

E agora? Onde encontrar a estabilidade?

    No passado domingo Portugal foi às urnas, os portugueses exerceram o seu mais valioso poder: o voto. Analisemos então o desfecho destas eleições legislativas e os possíveis cenários que poderão vir a existir.
     Primeiro que tudo a análise do atual parlamento nacional. O PSD encontra-se com 86 deputados, o PS com 85, o Bloco de Esquerda com 19, CDS-PP com 18, CDU com 17 e o PAN com 1 deputado. Esquerda tem 121 deputados, enquanto a direita tem 104 parlamentares, a maioria está nas mãos dos partidos da esquerda democrática.
    A situação não é fácil e poderá ter várias leituras e vários caminhos a seguir, nos próximos dias saberemos quais serão eles. Não tendo a direita maioria, terá de formar um governo minoritário, mas sem a maioria no parlamento este governo poderá, a qualquer momento, ficar impedido de continuar as suas funções. Recordo, que até hoje em Portugal, só houve um governo minoritário que chegou ao fim da legislatura, o governo do Dr António Guterres (1995-1999). Nestas condições poderá ocorrer o que se sucedeu em 2011, quando o governo do Partido Socialista, na altura chefiado por José Sócrates, foi derrubado por todos os outros partidos com assento parlamentar.
     Ficando com este cenário (governo minoritário de direita), só há uma forma de o governo conseguir cumprir a legislatura: diálogo. Os partidos vencedores (PSD/CDS-PP) se querem governar o país terão de ter espírito de diálogo, nomeadamente com o PS, e construir pontes de consenso, algo que parece complicado na atual conjetura do quadro político português.
     Mas poder-se-à colocar outra hipótese, tendo os partidos de esquerda maioria parlamentar, poderão apresentar ao senhor Presidente da Republica uma alternativa governativa que vise dar estabilidade ao país. Seria como que uma “coligação” entre PS, CDU e Bloco de Esquerda. O Bloco e a CDU parecem mostrar abertura a essa solução, mas não deixemos de notar que estes partidos foram aqueles que mais criticaram o PS em campanha eleitoral e agora querem governar com ele, no mínimo caricato. Mas parece ser uma solução muito complicada, o PS tem posições diferentes em matérias essenciais comparado com os outros dois partidos políticos, e o Presidente da República disse-nos ontem, que não aceita partidos que não defendam a NATO e o EURO. À partida esta solução poderá estar excluída do quadro, dadas as declarações do senhor Presidente, mas não esquecer que esta solução teria o apoio de 62% dos portugueses. Vejamos como reagirá os partidos a esta hipótese.
     Posto este cenário, neste momento assistimos claramente a um empurra de decisões. O Senhor Presidente da República empurra a responsabilidade para cima dos partidos políticos. O PSD e CDS empurram a responsabilidade, passando a “bola” para a mão do PS, dizendo que estão abertos a diálogo. O BE e CDU empurram também eles a “bola” para o PS quando dizem “que só não forma governo se não quiser”. Digamos, em boa verdade, que o PS perdendo as eleições, mesmo assim parece que vai decidir o futuro governativo do país.
     O Partido Socialista está disponível para o diálogo com as restantes forças partidárias, para tentar chegar a um acordo, ou decidir qual a melhor solução. Parece-me, pessoalmente, que o PS à coligação de direita irá propor a viabilização do governo, mas com a condição de realizarem parte, ou grande parte dos compromissos que o PS deu, e quer cumprir aos portugueses. Será o programa do PS aprovado pela coligação para que esta governe, mesmo que governe com as condições dos socialistas.
     Falhando esta solução, ficamos ainda com aquela “coligação de esquerda”, parece-me que o BE e CDU falam nessa hipótese, mas quando chegar a hora da verdade já não a querem… O PS não abdicará dos seus compromissos, e os partidos à sua esquerda não os quererão aceitar.
     Estes cenários políticos são bastante complicados, e no seu limite, levarão a novas eleições legislativas e a sucessivas crises politicas que em nada favorecem a situação de Portugal. As cartas estão jogadas, os resultados foram estes, o povo expressou-se, não quer ninguém com maioria, mas quer estabilidade. É da responsabilidade dos partidos políticos encontrar soluções que visem o interesse nacional, mantendo um espírito de diálogo.
     Estas possíveis situações serão complicadas de gerir nos próximos momentos, o que se pede é uma solução sólida para o país, que lhe dê estabilidade. Que acima de tudo se pense no interesse nacional e nos interesses dos cidadãos, aguardemos com serenidade os desenrolar do cenário político.

     Viva Portugal!



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