segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Um governo a nascer, mas prestes a morrer

    Parece que finalmente temos um desfecho para os resultados eleitorais, ou não… Cavaco Silva, como já era de esperar, indigitou Pedro Passos Coelho para formar governo, a questão é que a sua morte já está anunciada para breve.
    Cavaco depois de ouvir todos os partidos políticos, chegou à conclusão que deveria indigitar Passos Coelho a formar governo, visto ser o líder da força politica mais votada, a 4 de Outubro. Parece-me uma decisão acertada, e não acho que seja perda de tempo, querendo ou não, foi a coligação “Portugal à frente” que venceu, tem o direito de governar. O problema é que já temos o fim deste governo anunciado, PS, PCP e Bloco de Esquerda, já fizeram saber que apresentarão no parlamento uma moção e rejeição a este executivo. A ser aprovada, temos um governo demitido naquele preciso momento.
     Anunciada está a sua aprovação, e o que poderá acontecer depois? Aqui é que a coisa se complica. Como sabemos o Presidente da Republica tem os seus poderes limitados, como tal, não poderá convocar novas eleições legislativas, portanto, tem uma grande e grave decisão a tomar. Tem estes caminhos possíveis: mantém Passos e o seu executivo como governo de gestão, dá posse a António Costa e à sua maioria de esquerda, ou um governo de iniciativa presidencial.
     Analisando cada uma delas, o governo de iniciativa presidencial está à partida excluído, a maioria de esquerda que derrubará este governo, não hesitará em derrubar obviamente o governo do Presidente, visto que a esquerda quer é governar. Sendo assim, ficamos com uma maioria de esquerda que quer governar os destinos do país. Mas tendo em conta as declarações do Presidente da Republica, parece um pouco impossível dar posse a esse governo, pois arrasou com o PCP e BE, afirmando que são partidos que não defendem a NATO, nem a união monetária, logo para o Presidente não devem governar.
     A esquerda, quando Cavaco indigitou Passos, disse ser uma perda de tempo para o país, pois irá derrubar o governo, mas na verdade, a esquerda também ainda não apresentou qualquer sinal de compromisso, ou qualquer sinal de acordo, nem as suas linhas. O Presidente não poderia dar posse a um governo sem saber o que realmente está em cima da mesa, e mais, os portugueses merecem saber o que está em cima da mesa, antes até deste governo ser derrubado! É certo que a esquerda tem maioria, mas uma maioria não chega, é preciso saber o que quer essa maioria…
     Sem a frente de esquerda apresentar um compromisso credível e viável ao Presidente, ficamos com um governo derrubado, ficamos com a hipótese de um governo de gestão até se poder marcar eleições, que só poderão ocorrer lá para Junho. Uma situação que seria de todo ruinosa para a nossa credibilidade, e até, poderia por em causa tudo aquilo que já foi feito.
     Na minha análise da situação, a solução que me parece mais viável neste momento é a seguinte: o PS suportar a coligação PSD/CDS, a fim de se aprovar um Orçamento de Estado, preparar com tempo, cabeça, tronco e membros a sua alternativa de esquerda com o PCP e BE, e então, depois, quando se pudesse convocar eleições, derrubar o governo e sufragar em urnas a maioria de esquerda ou a coligação de direita. Parece-me ser aquilo que seria mais responsável e sério para o momento crítico que vivemos.

     Daqui por uns dias, teremos um governo derrubado, teremos uma maioria de esquerda que quer governar, teremos um Presidente, de novo, com decisões a tomar. Portugal vive um momento histórico para a sua democracia, espero que seja um marco histórico, mas que não deixe marcas negativas. 



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