Na
seleção de dirigentes da Administração Pública existem dois critérios, segundo
Madureira e Ferraz, que são compostos pela confiança e fidelidade para com as políticas
do Governo, e o mérito de desempenho, imparcialidade e neutralidade de gestão.
Em
comparação entre estes critérios e aquilo que realmente se passa vai uma enorme
distância. Começando pelas nomeações “fora de horas” levadas a cabo antes das
Eleições Legislativas de 2015, em que, o Ministério da Segurança Social e o Ministério
da defesa se encontraram numa completa “dança de cadeiras”, por outras
palavras, trocar pessoal de um cargo para outro de caráter permanente a fim de
sustentar a fidelidade e amizades políticas.
No
primeiro critério, utilizado por Madureira e Ferraz, estou de acordo na medida
em que, uma pessoa para desempenhar funções em altos cargos dos Ministérios ou
do Governo, tem de ser minimamente cooperante com as políticas seguidas, mas
nunca pode ser critério de exclusão do cargo. No segundo critério, aqui sim
surgem as verdadeiras questões e dúvidas. Quando toca a imparcialidade ou
neutralidade, fica claro que as situações ocorridas não são assim tão
transparentes. Como exemplo, temos o antigo Chefe de Gabinete do Ministro Pedro
Motas Soares, que foi nomeado Diretor de Serviço durante 3 anos, não devido ao
seu bom desempenho, pois nunca se ouviu nada sobre este sujeito, mas sim pela
sua grande amizade com o Vice-primeiro-Ministro, Dr. Paulo Portas e com a
Ministra da Agricultura e das pescas, Assunção Cristas.
A
lei é clara, as nomeações definitivas são proibidas desde a convocação de
eleições até à indigitação do novo Governo pelo Presidente da república.
Este
Governo, cheio de ilegalidades, não cumprindo o que antes tinha prometido,
aplicou em Portugal uma “Lei da Troika” que foi mais além do memorando assinado
anteriormente, aplicando políticas de desigualdade, empobrecimento e emigração
apenas para prosseguir as suas verdadeiras políticas neo-liberais.
Como
bandeira eleitoral, o Partido Social Democrata apresentou o fim da nomeação dos
cargos administrativos da forma que eram feitos anteriormente, ou seja,
diretamente e de dificuldade àqueles que se encontravam fora da “esfera do
poder”, prometendo a criação de uma Administração transparente e ocupação de
cargos através de concursos públicos. Mais uma vez, uma promessa não cumprida
como tantas outras.
A
dança de cadeiras veio espelhar a realidade do nosso sistema. Por mais abertura
que exista na Administração e na escolha de candidatos, haverão sempre
indivíduos que apenas se servem da política e dos cargos para se abastarem e
garantir a sua sobrevivência. A isto chamo o “mau trato” da política, porque a
democracia é para ser servida e não para nos servirmos dela.
O
sistema carece, cada vez mais de uma profunda reforma, pois chegámos ao ponto
de existirem falsos concursos públicos para justificar nomeações sem constar no
Diário da República. Chegámos ao estado da violação do Princípio da Confiança,
o que leva à profunda violação do Estado de Direito Democrático que tantos
lutaram para construir.
David Serrachino
Estudante na faculdade de Direito da Universidade de Coimbra,
Vice-Presidente do grupo Jovem de Rio de Moinhos,
Presidente da Concelhia da Juventude Socialista de Borba,
Membro do Secretariado da Juventude Socialista Federação de Évora,
Membro da Comissão Nacional da Juventude Socialista,
Representante da JS na CPC do PS Borba,
Vogal na Direção da Sociedade de Debates da Universidade de Coimbra
Obrigado João pela oportunidade proporcionada. Já há algum tempo que deveria ter escrito mas ainda não tinha tido oportunidade. Baseei-me aqui num pequeno estudo realizado por mim, recorrendo à analogia e contracção com o Sistema Administrativo tendo em vista o Sistema de Seleção de Assistentes Públicos. Concluí que o Governo PSD/CDS continua na linha sistematizada do passado, que dizem que estão à frente mas afinal... Até estão, colocam os seus interesses a frente do interesse coletivo dos portugueses. Esta "dança" foi pouco desenvolvida aquando das eleições legislativas, mas penso que se deveria fazer um retrospecção dos factos ocorridos e punir aqueles que de forma ilegal continuam a usurpar e usufruir do sistema da Administração Pública.
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