E chegou ao fim mais um ciclo de eleições em Portugal,
primeiro as legislativas em outubro de 2015, e agora as presidenciais, do
último domingo. E é nesta última que me vou focar. Marcelo Rebelo de Sousa foi
eleito Presidente da República à primeira volta com 52% dos votos em urna.
Marcelo é o inequívoco vencedor destas eleições, e digo ate
que ganhou estas eleições de uma forma nunca antes ganha, quase sem campanha,
sem cartazes, sem grandes comícios, muito discreta mas presente, isto por uma
única razão: Marcelo sabia que já tinha conquistado os portugueses com a
exposição mediática que tinha com o seu comentário semanal. O blog dá os seus
cumprimentos democráticos ao novo Presidente eleito, desejando-lhe um bom
mandato.
Vejamos então os grandes derrotados da noite: Sampaio da
Nóvoa, Maria de Belém e Edgar Silva. Sampaio da Nóvoa, o candidato que dizia
ser o “cidadão”, o não senhor da “política”, afinal não lhe valeu de grande
coisa essa retórica, um candidato que não se dizia da política, mas que entrou
com populismos e discursos baratos de uma forma alucinante nesta campanha,
parecendo um politico ao estilo dos extremos do espetro politico, e não tendo
um único discurso onde apontasse de forma clara ao que vinha, enrolava,
enrolava, enrolava…. Foi um candidato que apareceu do nada, que ninguém conhecia,
todos sabem que as pessoas tendem a votar em quem conhecem e por isso se deve
explicar esta derrota alienada a uma colagem excessiva do candidato a este
governo de esquerda. Julgo ter tido mais percentagem, ou ter alcançado tal
resultado, por ser o candidato que mesmo contra a decisão do partido se tornou
quase que o “oficial” ou bem perto disso.
Maria de Belém, a quarta candidata mais votada da noite. É
óbvio que teve uma grande queda, uma queda justificada pelo falso caso das
subvenções, que por ter sido um assunto puxado demasiado próximo da data, era
impossível a candidata reverter a situação. Mas também se deve a este
resultado, à forma como foi tratada pelo seu partido, não foi apoiada por ele,
sendo militante há mais de 40 anos, e o eleitorado não perdoa… Ainda assim é de
felicitar a candidata por algumas razões, foi uma candidata que disse bem o que
queria, ao que vinha, e sobretudo não vacilou na sua linha de pensamento, não cedendo
a populismo ou demagogia, mesmo quando sabia que a sua eleição tinha ido por
água abaixo, por isso merece uma saudação.
Por fim Edgar Silva, o candidato do PCP, que sofreu uma
pesadíssima derrota, enquanto a candidata do Bloco de Esquerda conseguiu um
ótimo resultado, merecendo também uma palavra de apresso. É óbvio que o PCP
está em crise, e a prova foi a votação deste candidato, e que o Bloco de
esquerda poderá estar a roubar eleitorado aos comunistas, mas também aos
socialistas. Se o PCP tivesse este resultado numas legislativas, poderíamos
estar a falar mesmo do seu quase desaparecimento, em benefício do Bloco que
tenta a todo o custo esmagar o PCP, a fim de conseguir eleitorado depois do PS.
A típica guerra das esquerdas.
Temos um novo Presidente eleito, numas eleições que
decorreram de forma muito pacífica e normal, e temos Cavaco Silva de saída do
Palácio de Belém. Não quero entrar em discursos críticos do “já vai tarde”,
“ainda bem”, julgo que neste momento é de felicitar Cavaco Silva, pelos 10 anos
que disponibilizou da sua vida ao serviço de Portugal, dos portugueses e da
República, enquanto seu Presidente. Concordar ou não concorda com muitas das
suas decisões, isso é outro caso… Ainda de salientar, e de fazer especial
agradecimento a Marcelo Rebelo de Sousa por disponibilizar o seu tempo ao
serviço da Pátria durante os próximo 5 anos, e ainda os restantes candidatos,
pelo contributo que deram à democracia portuguesa.
Viva Portugal!
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