Tivemos de tudo e de nada e para todos os
gostos e feitios: - O crisólogo e insular levita da prosélita e lúgubre homilia
soviética que repetia e dava a comungar a defunta, mas eterna, cassete leninista.
- A charmosa e procaz rentã flamenga que desavergonhadamente se despiu de
probidade e se vendeu de modo eleitoralista como uma por todos. - A vitalícia
pensionista da Caixa Subvencional de Aposentações Políticas para quem direitos
e privilégios são, apenas e só, sinónimos. - A divina aparição do jactancioso e
agnóstico messias de um pseudo tempo novo, deificado, aclamado e levado ao colo
por uma velha e insolidária tralha de róseos e ateístas iscariotes, fieis
discípulos da miscigenada geringonça. - O mediático e hiperativo zingamocho que
dizia captar ventos de todos os quadrantes e que, um tudo ou nada desnorteado,
ia dando o dito à esquerda pelo não dito à direita, e afirmando tudo a norte e
o seu contrário a sul. - O nugativo playmobil ramerraneiro da invicta que,
boquicheio de obsessiva demagogia, papagueou a sua inane, monocórdica e
holofrástica verborreia. - O decrépito haríolo da república que previra e lera
nos astros tudo o que iria acontecer, depois de tudo ter acontecido. - O pobrete,
mas alegrete empedrador, presidente do seu campeonato, que à boa maneira
portuguesa e num país que tarda em atinar, procurou dar uma pedrada no charco e
marcar golo, mas cuja boa-vontade, radicada na arte de calcetar os buracos de
um país demasiadamente crateriforme, não chega para mais do que uns toques na
bola e uma humilde e genuína caricatura do zé povinho. - O truão braguês dos
sete ofícios, cujo frontispício circense nos arrelampa com os seus berrantes,
mas vulgares, dispositivos oculares, e que nos ensinou uma mão cheia de nada. -
O profissional da medicina que (nos) tratou de nada e (nos) deu uma consulta de
coisa nenhuma. Eleito o Presidente resta acreditar na lógica do Tiririca, a
Nação, representada ao mais alto nível, pior do que a última década não fica.
Porém, a natureza é sempre imprevisível e incontrolável pelo Homem, e o vento
que hoje corre de feição poderá, de um momento para o outro, soprar do
quadrante oposto, fazendo virar o Zingamocho e consequentemente fazer cair a
miscigena geringonça. Portugal merecia e merece (muito) mais e (bem) melhor.
Mas no final o que fica para a história é o retrato de uma envilecida eleição
presidencial sem história, que poderia ter sido outra, mas que outros,
entendíveis e meritórios, voos não quiseram que fosse.
Vasco Gonçalves
Militante da Juventude Socialista de Setúbal
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